O britânico Nick Herbert estava cansado de ser ignorado por seu filho quando ligava ou mandava mensagens para ele. Um dia, resolveu agir de forma criativa: criou um aplicativo que obriga o menino a respondê-lo. "Aos 13 anos, Ben já tem seu próprio celular. Usa o aparelho principalmente para brincar, mas o deixa no modo silencioso. Então, ficava muito difícil entrar em contacto com ele", diz Herbert à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, por telefone. "Percebi que o alarme do celular funciona mesmo se o telefone estiver no silencioso. Pensei em criar algo que aproveitasse essa função", conta.
Foi assim que nasceu o ReplyASAP (algo como "resposta imediata", em tradução livre). O aplicativo consegue travar a tela do celular, além de emitir um aviso sonoro irritante e interromper o que o usuário está fazendo. Só é possível retomar o controle do aparelho se responder à mensagem recebida ou atender à ligação. Para que funcione, o pai precisa instalar o programa em seu próprio celular e também no dispositivo do filho. O aplicativo permite entrar em contacto com o usuário para mandar mensagens urgentes e também envia notificações quando elas forem lidas. "Não é possível ignorar a mensagem e ainda consigo saber quando ele a visualizou", afirma o britânico.
Para coisas importantes
"Esse aplicativo é para a pessoa que se sente frustrada quando suas mensagens de texto são ignoradas porque o celular do outro fica no modo silencioso o tempo todo" - esse é o resumo da ferramenta em uma loja de online. O aplicativo custa US$1 (R$ 3,15). A versão gratuita oferece a possibilidade de conectar um aparelho ─ o modo pago permite a instalação em até 20 celulares. "A princípio, meu filho não gostou do que eu fiz", diz Herbert, que vive em Londres e tem 45 anos. "Mas depois ele entendeu a situação e até achou útil", acrescenta. Ele explica que não usa a ferramenta "todo o tempo", e sim "apenas para coisas importantes".
Além do controle dos pais
Herbert nunca havia se envolvido no desenvolvimento de um aplicativo antes do ReplyASAP. Segundo ele, foram "vários meses" da ideia ao lançamento. A primeira versão do app foi lançada em Agosto para Android - a versão para iOS (sistema operacional dos celulares Apple) ainda está em desenvolvimento. "Estou aprendendo muito sobre como melhorar o aplicativo. Muita gente me escreveu para dar opinião", diz Herbert. O aplicativo já tem 36 mil usuários e por enquanto só está disponível em inglês - outras línguas devem ser adicionadas em breve.
Além disso, Herbert está pensando em outros usos para o app, além do controle dos pais sobre os celulares dos filhos. "A princípio, pensei apenas em pais e filhos, mas já me ocorreram outras aplicações, como famílias com pessoas mais velhas e também para empresas, especialmente para quem trabalha de forma remota", diz. Mas não existe o risco de pessoas usarem o aplicativo para outros fins, como em caso de assédio ou contactos invasivos? "Pensei nisso quando criei [a ferramenta]. Mas o sistema necessita que as duas pessoas tenham o aplicativo instalado. Você pode rejeitar o convite para fazer o download ou mesmo desinstalar", responde Herbert. "Meu filho e eu usamos de forma prudente, apenas quando é realmente necessário", conclui.
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