sexta-feira, 28 de junho de 2019

Você sabia que o futebol feminino já foi proibido no Brasil?

Nos tempos actuais, é até difícil imaginar que mulheres sofreram proibições tão arbitrárias há tão pouco tempo. Até 1979, o futebol feminino era proibido no Brasil, por lei. Se essa lei continuasse valendo até hoje, não só o país, mas o mundo todo, estariam privados de tantos talentos e tantas alegrias do esporte e é assustador pensar que 1979 não está tão longe assim no tempo.
O futebol feminino não é exactamente uma novidade, como a mídia pode fazer parecer actualmente. O primeiro registo de uma partida disputada apenas por mulheres data de 1913 e em 1940, haviam pelo menos 10 times formados por mulheres no Rio de Janeiro, com outros pequenos núcleos se formando em capitais como São Paulo e Belo Horizonte. 

Em maio de 1940, houve um jogo entre as selecções femininas carioca e paulista no recém-inaugurado estádio do Pacaembu, em São Paulo, algo que chamou a atenção tanto para o bem quanto para o mal.

No ano seguinte, órgãos conservadores enviaram uma carta directamente ao gabinete do então presidente da república, Getúlio Vargas. Tornou-se então uma espécie de “senso comum”: mulheres não podiam jogar futebol porque isso prejudicaria sua saúde, complicando a maternidade. Em 1965, a Ditadura Militar transformava a regra informal em lei: “Não é permitida a prática feminina de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo, halterofilismo e beisebol”, dizia o texto da Deliberação nº. 7 de 1965.

A abertura
Em 1979, em meio a abertura política geral que começava a se desenhar no país, a Deliberação nº. 7 de 1965 foi revogada, permitindo assim a abertura de clubes e ligas de futebol feminino por todo o Brasil. Na verdade, muitos times já funcionavam na clandestinidade e a falta de incentivo mesmo após a legalização acabou mudando muito pouco o cenário.

Nos anos 80, aconteceu anualmente uma Taça Brasil de Futebol Feminino, com a maioria dos grandes clubes de futebol brasileiros participando. A iniciativa era precária e acabou terminando depois de alguns anos, gerando uma situação não muito diferente da que temos hoje, onde as mulheres possuem muito mais dificuldades em seguir no esporte do que os homens.

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